Tentar descrever um ser humano em sete palavras não é tarefa fácil. Um ser humano é muito maior, mais amplo, mais profundo que quaisquer palavras que o descrevam. Na celebração dos sete anos (30/01) em que nosso amigo João Batista Libanio nos deixou e partiu para o Absoluto (para utilizar uma palavra que ele usava muito para referir-se a Deus), convidamos sete pessoas para definirem Libanio... em uma palavra. Um homem alegre, livre, amoroso, equilibrado, lúcido, coerente e fiel. Um homem entre nós, que nos indicava o Absoluto de Deus.
Alegria
Libanio foi talvez a pessoa que melhor encarnou e viveu aquilo que diz o Evangelho sobre a alegria como dom do Espírito. Ao mesmo tempo em que era um homem extremamente sério e disciplinado, sabia rir de si mesmo e das situações adversas, com um sorriso nos lábios e uma gargalhada gostosa quando estava entre amigos mais íntimos. Diante de situações preocupantes ou tristes, jamais perdia essa alegria transversal que o fazia seguir adiante com força e energia, sempre atento aos outros e disposto a servir. Sua alegria não dependia das circunstâncias favoráveis, mas ao contrário, parecia crescer e tornar-se mais forte em momentos difíceis e atribulados. Quanto mais o fui conhecendo, mais foi se confirmando para mim a presença em sua pessoa dessa alegria gratuita e iluminadora. Sabia comunicar confiança quando tudo parecia perdido, esperança quando todas as soluções já haviam sido tentadas e resultaram em fracasso, fortaleza quando a fragilidade e a vulnerabilidade humanas, sua e sobretudo daqueles que o cercavam, se manifestavam. Não havia sombras e depressões na convivência com Libanio, mas alegria, sobretudo alegria, só alegria. (Maria Clara Bingemer, PUC Rio).
Liberdade
Uma palavra que irradia intensamente a luminosidade da pessoa de João Batista Libanio e de seu precioso legado é LIBERDADE. Como Jesus de Nazaré, tornou-se alguém generosamente livre para amar e servir. Sua crescente consciência crítica e autocrítica do dom da liberdade fez com que apostasse todas as fichas na liberdade humana como caminho singular de libertação, como lugar heurístico de humanização e de evangelização. Concretizou, ao longo da vida, admirável serviço e testemunho fraterno que estão consignados em livros, artigos e, especialmente, numa práxis pedagógica heurística libertadora da liberdade humana que deixou muitos continuadores. E o fez desde os mais pobres e vulneráveis, de modo especial com os jovens, com os religiosos e com os educadores. (Edward Guimarães, PUC Minas).
Amor
O Padre João Batista Libanio pregou e viveu o amor. Um amor “ágape”, muito mais forte e generoso que “eros” ou que “filia”. Um amor dom que pressupõe sair de si e ir na direção do outro para acolhê-lo como ele é. Um amor paciente, generoso, gratuito, atento, capaz de contemplar. Um amor que se coloca a serviço e se faz ação. Com sua vida, Padre Libanio nos interpela. Que Deus nos ajude a aprender com seu exemplo de amor. (Cláudia Maria Rocha, Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia).
Equilíbrio
A vida e a obra do Padre Libanio são, para mim, frutos da busca de um sábio equilíbrio. Diante da vida e seus mistérios, dos processos culturais e sociais, das aventuras das relações entre fé e razão, Padre Libanio sempre apontava para o equilíbrio. Diante das respostas simplistas que nos inclinam para polos opostos, diante dos extremos que insistem em nos arrastar para um lado, ele mirava o equilíbrio. A palavra equilíbrio, que positivamente é interpretada como busca de harmonia, proporção e juízo prudencial, também se tornou no pensamento de Padre Libanio sinônimo de discernimento. A arte do discernimento, ou a arte do equilíbrio, fez de Padre Libanio uma pessoa que, buscando constantemente a lucidez diante da vida, caminhasse serenamente nas veredas das escolhas matizadas. (Pe. Elton Vitoriano Ribeiro SJ, Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia)
Lucidez
Uma das características marcantes do Padre Libanio era a lucidez. Tinha o dom de enxergar e analisar os cenários da cultura contemporânea e também da Igreja. Apontava tendências e, a partir daí, indicava caminhos para a pastoral e a evangelização. Fazia isso sempre com bom humor, sem agressividade ou azedume. Sou testemunha do quanto isso ajudou, por exemplo, a Catequese no Regional Leste 2, que a partir de uma de suas indicações reforçou na formação de catequistas o cuidado com o Belo, o Lúdico e o Místico. A via da beleza, a Espiritualidade e o Lúdico se tornaram inclusive subsídio de formação. Que saudades do Padre Libanio! Lembrar dele, da sua voz alegre, da sua paixão pela missão, da sua capacidade de falar coisas difíceis em palavras simples, nos anima a seguir em frente, testemunhando como ele, a doçura do amor de Deus. (Lucimara Trevizan, Centro Loyola BH)
Coerência
Padre Libanio foi alguém que sabe o que quer. Numa visão de fé, ele queria pôr a serviço dos irmãos/ãs os grandes dons recebidos de Deus. Para tanto, tinha objetivos claramente definidos e os perseguia coerentemente. Daí a fecundidade de sua vida. (Pe. João Augusto Mac Dowell SJ, Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia)
Fidelidade
Essa é a palavra que expressa o que Libanio significa para mim. Alguém dedicado inteiramente ao compromisso com os outros, com os jovens e com Deus, movido por cortesia, ternura e alegria. (Faustino Teixeira, Universidade Federal de Juiz de Fora)
29.01.2021